Fonte: Colaboração/ PDRadar

Corrente de jato mais forte: Tempestades mais agressivas a caminho

Um novo estudo publicado na revista Nature identificou que as correntes de jato, regiões
de ventos fortes na alta troposfera, ficarão mais rápidas à medida que as mudanças
climáticas continuarem e se acelerarem.

Correntes de jato (‘jet streams’ em inglês) são correntes de ventos intensos que se
deslocam de oeste para leste no alto da troposfera (entre 10 e 15 Km de altitude), em um
padrão ondulado. Ocorrem em ambos os hemisférios, essencialmente, próximo dos polos
(chamados jatos polares) e dos subtrópicos (jatos subtropicais). Corrente de jato é um intenso escoamento de ventos na alta troposfera, que flui de oeste
para leste ao redor do globo, a cerca de 10 km acima de nós, e está associado à ocorrência condições climáticas severas.

As correntes de jato são muito importantes para o desenvolvimento de sistemas
meteorológicos e para o tráfego aéreo, já que influenciam a velocidade e a direção de
deslocamento desses sistemas e das aeronaves. Também influenciam a ocorrência de
tempestades, tornados, granizo e ventos fortes. E um novo estudo publicado recentemente na revista Nature Climate Change analisou como as (tão faladas!) mudanças climáticas afetarão essas correntes.

A pesquisa foi desenvolvida por Tiffany A. Shaw, professora na Universidade de Chicago,
e por Osamu Miyawaki, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR)
dos Estados Unidos. Para entender como os ventos das correntes de jato responderiam às
mudanças climáticas, eles combinaram dados de modelos climáticos com informações
sobre a física das correntes de jato.

As correntes de jato se formam devido ao contraste entre o ar frio e denso dos polos e o ar quente e menos denso dos trópicos, em combinação com a rotação da Terra.
Conforme as suas análises, os autores sugerem que, à medida que o mundo aquece, os
ventos mais rápidos das correntes de jato se tornarão cada vez mais rápidos – cerca de 2% para cada grau Celsius que o mundo aquecer. Além disso, os ventos mais rápidos se
acelerarão 2,5 vezes mais rápido que o vento médio nesses sistemas.
“Com base nestes resultados e no nosso entendimento atual, esperamos ventos recordes,
e é provável que eles contribuam para a diminuição dos tempos de voo, para o aumento da turbulência em céu limpo e um potencial aumento na ocorrência de condições
meteorológicas severas”, disse Shaw.

E como a mudança climática causa isso?
Resumidamente, as correntes de jato se formam em regiões de contraste térmico, entre o
ar frio e denso dos polos e o ar quente e mais leve dos trópicos (quanto maior a diferença
de temperatura entre os polos e os trópicos, mais forte serão as correntes de jato). E as
mudanças climáticas intensificam este contraste de temperatura.
À medida que o ar nos trópicos aquece, ele irá reter muito mais umidade. E embora o ar
dos polos também aqueça, o ar mais quente pode reter muito mais umidade, de forma que a diferença geral de densidade aumenta acentuadamente.
“A velocidade não só aumenta com o tempo, mas quanto mais acentuado for o contraste
inicial, maior será o aumento obtido – fazendo com que os ventos rápidos fiquem cada vez
mais rápidos”, disse Shaw.

Condições piores no futuro
Embora as descobertas sejam robustas, mais pesquisas devem ser feitas para prever
exatamente como esses ventos mais rápidos das correntes irão impactar as tempestades
individuais e as ocorrências climáticas severas.
Segundo os autores, mesmo que velocidades recordes de correntes de jato já tenham sido observadas nas últimas décadas, o seu efeito ainda não é estatisticamente significativo.

“Esperamos que o sinal surja nas próximas décadas, se os humanos continuarem no
caminho que estamos trilhando com as emissões de carbono”, disse Shaw.

Referência da notícia:
SHAW, T. A., MIYAWAKI, O. Fast upper-level jet stream winds get faster under climate
change. Nature Climate Change, 2023.
https://www.nature.com/articles/s41558-023-01884-1

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