Filhos e filhas,

Estamos quase começando o mês de agosto e a Igreja, como mãe e mestra, nos convida a refletirmos sobre as vocações. Mas antes de começarmos nossa mensagem sobre vocação, é necessário sabermos o que esta palavra significa.

A palavra vocação vem do latim “vocare”, que significa chamado. Todos nós somos chamados a algo, a dar um sentido para a vida. Muitos questionam: Qual a diferença entre vocação e profissão? Embora, vocação e profissão se articulem, não podemos reduzir a vocação ao dom nato, a aptidão que cada um tem para determinado trabalho.

Vocação inclui a vida total, contém o propósito de seguir e servir. A vocação possui a dimensão da abertura ao próximo, à solidariedade, a dimensão que se dá na relação do homem na transformação do mundo.

Profissão é a carreira que a pessoa escolhe livremente para seguir e desenvolver, em uma ou mais atividades, visando remuneração ou ganho pessoal. A profissão pode ser mudada de acordo com o mercado de trabalho ou a vontade de cada indivíduo.

A vocação é uma proposta de Deus ao homem, mas este é livre para acolher ou rejeitar. Nas Sagradas Escrituras, encontramos grandes exemplos de vocação. Abraão é um vocacionado de Deus. Ele escuta a voz de Deus que chama: “Parte da tua terra, da tua família e da casa de teus pais para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12,1). E Abraão, aos 75 anos, se desinstala e vai para onde o Senhor o envia.

No Livro do Êxodo encontramos a vocação de Moisés. Deus chama Moisés (pelo nome) numa chama de fogo, do meio de uma sarça que ardia, mas não se consumia. E ele responde prontamente: “Eis-me aqui”. (Ex 3,1-15). E, Moisés vence a gagueira, usando seu irmão como intérprete. Assume sua vocação e se torna o libertador do povo oprimido. (Ex 3,1-15; 4,1-17; 6,2-13: 6,28-30; 7,1-7).

O primeiro livro dos Reis narra a vocação de Elias, que deixa a corte para viver no meio do povo. Na sua vocação de profeta, Elias fala em nome de Deus, denuncia as injustiças, age na defesa dos pobres (1Rs 18.19).

Sobre a vocação de Jeremias, a narrativa é belíssima. E, mais uma vez, mostra que o medo e as limitações humanas são inerentes à vocação. Jeremias, que ainda no seio materno foi constituído profeta para as nações (cf. Jr 1,5), de tanto medo, apela para o não saber falar, por ser apenas uma criança (cf. Jr 1,6), depois vai dizer: “Seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir”, demonstrando como compreendeu o mistério da vocação em sua vida (cf. Jr 20,7).

E não podemos falar de vocação sem falar de Maria, a vocacionada do Pai, a cheia de graça. Solicitada por Deus, ela se dispôs inteiramente: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra!” (Lc 1,26-38). E se torna o modelo de vocação perfeita.

Então que no mês de agosto, possamos viver nossa vocação em plenitude, amém.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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