Devido ao agravamento da pandemia do novo coronavírus, o Campeonato Paulista e todas as atividades esportivas param em São Paulo a partir desta segunda-feira (15) em meio a indefinições sobre quando e como irá voltar.

Contabilizando um total de 2.202.983 de casos de Covid-19 e mais de 64 mil mortes pela doença no estado, além de uma taxa de 88,4% dos leitos de UTI ocupados, o governador João Doria (PSDB) endureceu as regras de reabertura da economia e determinou a interrupção das atividades esportivas no estado por um período inicial de 15 dias. Apenas treinos estão liberados.

A suspensão, no entanto, é contestada pela ampla maioria dos clubes paulistas e pela Federação Paulista de Futebol (FPF), que se reúne nesta segunda-feira pela manhã com representantes do governo do estado e do Ministério Público, que sugeriu a paralisação.

Em nota, a FPF afirmou que buscará na reunião encontrar “uma solução viável para adaptar as próximas rodadas da competição”, já que a não realização dos jogos impactaria fortemente no calendário do Estadual e do restante da temporada dos clubes.
Na mesma nota, a entidade máxima do futebol paulista diz categoricamente que o torneio não será realizado após o dia 23 de maio, data marcada para a final do Paulista.

Apesar da possibilidade de uma reversão total da proibição ser considerada remota, dirigentes dos clubes e a federação esperam pelo menos uma garantia do governo de que a paralisação não irá além do próximo dia 30.
Após a reunião com as autoridades, uma nova reunião será realizada à tarde com a presença de dirigentes da FPF e representantes dos clubes para definir um novo calendário para o Campeonato Paulista.

De acordo com a tabela do torneio disponível no site da Federação Paulista, 30 jogos de três rodadas (5ª, 6ª e 7ª) estavam previstas para o período que compreende a paralisação, incluindo o clássico entre Palmeiras e São Paulo, na quinta rodada. Jogos da Copa do Brasil e partidas das fases preliminares da Libertadores também serão afetados.

Na última sexta-feira (12), a CBF anunciou a transferência de dois duelos do mata-mata nacional que seriam disputados em São Paulo para fora do estado: Mirassol x Red Bull Bragantino, que será realizada em Cariacica (ES), e Marília x Criciúma, levado para Varginha (MG).
Levar jogos do Paulista para outros estados é uma das alternativas estudadas pela FPF para manter o campeonato dentro do período previsto e pressionar o governo por uma antecipação do retorno das partidas no estado.

Segundo o UOL, a federação pode transferir para o estádio Independência, em Belo Horizonte, o jogo entre Palmeiras e São Bento, atrasado da terceira rodada do Estadual, e que está marcado para a próxima quarta-feira (17).

Se a paralisação se mantiver, mais jogos podem ser realizados fora de São Paulo.

A federação e os clubes da Série A1 (primeira divisão paulista) alegam que seus atletas e funcionários passam diariamente por testes e avaliações clínicas nos centros de treinamentos e que as chances de transmissão do vírus durante as partidas são mínimas.

“A FPF e os clubes reiteram que o rigoroso Protocolo de Saúde da competição, aprovado e elogiado pelo Ministério Público e pelo Centro de Contingência do Coronavírus, oferece aos profissionais do futebol e a todos os funcionários dos clubes um nível de controle não encontrado em qualquer outra atividade econômica, com testagens seriadas e acompanhamento médico diário. Desde o reinício dos jogos no ano passado, foram mais de 35 mil testes realizados por árbitros, atletas, profissionais e funcionários dos clubes de São Paulo”, afirmou a federação em nota.

Isso não impediu, no entanto, que alguns times sofressem com surtos de Covid-19 durante o campeonato. No último clássico entre Corinthians e Palmeiras, por exemplo, no dia 3 de março, a equipe alvinegra teve oito desfalques de jogadores que receberam resultados positivo para o Sars-CoV-2 –o duelo disputado na Neo Química Arena terminou empatado em 2 a 2.

LUCIANO TRINDADE, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

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