Filhos e filhas
Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.
Meus irmãos, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno para ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.
Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.
Deixemo-nos converter por Deus por meio de três práticas:
Oração
Nesse tempo, somos convidados a nos recolher interiormente e a refletir pela oração sobre como está nossa vida espiritual. Se você já reza, intensifique a oração. Não falte à missa, pelo menos as dominicais. Esse é um tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus. Reze com os Salmos e aprofunde-se nas leituras bíblicas. Procure fazer confissões. Participe da oração da Via Sacra. Se dedique àquilo que converge ao foco central desses quarenta dias: Jesus.
Caridade
É o convite a quebrarmos o orgulho e imitarmos a misericórdia do Senhor. Não se trata apenas de esmola material, mas da prática das obras de misericórdia com a caridade material, a escuta, o amor, a visita aos doentes e a solidariedade com os que sofrem.
Jejum
É a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. O jejum nos ensina que somos dependentes de Deus, nos exercita na disciplina, na força de vontade, nos torna sensíveis à fome dos irmãos e irmãs, aumenta nossa concentração e vigilância. Além de tudo isso, o jejum feito por amor a Cristo tem a função de nos unir a Ele, em Seu sofrimento.
Não se pede que ninguém passe fome no jejum Quaresmal. O jejum recomendado pela Igreja e todos os cristãos podem fazer, consiste em que se tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição completa, podendo escolher almoço ou jantar. A outra refeição será substituída por um lanche simples, que não seja igual em quantidade à habitual ou completa.
O importante é não comer nada além dessas três refeições. Estão obrigados ao jejum, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Estão dispensados grávidas e doentes, como também as pessoas que desenvolvem intenso trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.
A oração, aliada à caridade e ao jejum é o que nos prepara para viver a Páscoa do Senhor, fortalecendo nossa fé e esperança. Não há como separar a oração da caridade e ambas do jejum. Elas são inseparáveis e devem ser praticadas simultaneamente. Sobre isso, assim se expressou São Pedro Crisólogo: “O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto, quem reza, jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus, não feche o seu a quem o suplica”.
Finalizo esse artigo citando novamente São Leão Magno: “Tempo de Quaresma é tempo de se viver a doçura, a humildade, a paciência e a paz”. Acima de tudo, é tempo de perdoar as injustiças, as afrontas e esquecer as injúrias. Tempo de combate espiritual. Tempo de jejum medicinal. Tempo de caridade reconciliadora.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti