Filhos e filhas

Começando o penúltimo mês do ano, a Igreja, como Mãe e Mestra nos convida a desviar nosso olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, e voltarmos para a dimensão de Deus, à dimensão da eternidade e da santidade. É que somos convidados a viver ao celebrar a Solenidade de Todos os Santos, transferida para o domingo, e a Comemoração de todos os fiéis defuntos, o Dia de Finados, no dia 02 de novembro.

É importante reforçar que todos nós temos a vocação à santidade. Muitos têm a concepção de que santos são aqueles que tiveram feitos extraordinários, que fizeram milagres e por isso estão nos altares de nossas igrejas. Porém, é possível se santificar pela pequena via, como fez Santa Terezinha do Menino Jesus. É possível alcançar a santificação vivendo a nossa realidade do dia a dia. Sempre digo que os grandes gestos nos tornam heróis e os pequenos nos tornam santos.

A santidade consiste em buscar a face de Deus e ser santo como Ele é Santo (Mt 5,48). Viemos de Deus, nossa alma anseia por Deus, temos saudades do Criador, está em nossa essência. Por isso buscamos a santidade, todo dia procuramos saciar o latente desejo que temos de Deus, e somos plenamente saciados em Jesus que se dá em comida e bebida (cf. Jo 6,52-59). Jesus nos nutre naquilo que somos por excelência, aquilo que fomos e um dia seremos, face a face com o Criador.

Essas reflexões sobre a santidade ficam mais latentes quando olhamos para a finitude da vida aqui na terra, reflexão proposta pelo dia de Finados, quando somos convidados a lembrar e rezar por nossos entes queridos que já faleceram e todos que já morreram. E sempre com a proximidade desta data, vem a pergunta: por que rezamos pelos mortos? Existe uma vida após a morte?

E ainda nesta mensagem quero me debruçar sobre a oração pelos que já faleceram, e ressaltar que este é lícito e inclusive está na Sagrada Escritura.

Segundo livro dos Macabeus, nos diz: ” (Judas Macabeu) tendo feito uma coleta mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Ele considerava que aos falecidos na piedade está reservada uma grandíssima recompensa. SANTO E SALUTAR ESSE PENSAMENTO DE ORAR PELOS MORTOS, para que sejam livres dos seus pecados” (2Mac 12,38-45).

Também, São Paulo, na Segunda Carta a Timóteo, faz essa oração pelo amigo Onesíforo: “Que o Senhor lhe conceda a graça de obter misericórdia do Senhor naquele dia” (2 Tm 1,18). Comparando os versículos 15 a 18 do capítulo 1, com o versículo 19 do capítulo 4 desta mesma Carta, notamos que Onesífero já era morto, porque nestes textos, São Paulo se refere nominalmente a outras pessoas, e quando seria o caso de nomear Onesíforo, seu grande amigo e benfeitor, ele não o faz, mas só se refere à casa e à família de Onesíforo. Daí se conclui que ele não era mais do número dos vivos. E São Paulo reza por ele, pedindo que o Senhor tenha dele misericórdia.

Esses dois textos citados são os mais clássicos, porém há outros ainda, mas o importante é rezar pelos falecidos, que encontrem a Misericórdia de Deus. Por isso, transcrevo aqui uma oração que está no Ofício das Almas Benditas:

Onipotente e misericordioso Deus e Senhor nosso, supremo dominador dos vivos e dos mortos, pelos merecimentos infinitos do vosso Unigênito Filho, e também pelos grandes merecimentos da sempre Virgem Maria, sua Mãe, e por todos os merecimentos dos bem-aventurados, concedei propício o perdão das penas que merecem as almas dos fiéis defuntos, pelas quais fazemos estas preces para que, livres do Purgatório, vão gozar da eterna glória, por todos os séculos dos séculos. Amém.

Que sejamos santos, como Deus é Santo!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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