Filhos e filhas,

A misericórdia de Deus, que nos vem das Santas Chagas de Jesus, não tem limites. Ela alcança todos os pecadores, como fez com São Paulo, que celebramos sua conversão nesta quarta-feira, dia 25 de janeiro.

Esse Apóstolo testemunha: “Dou graças Àquele que me confortou, a Jesus Cristo, Nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança, chamando-me ao ministério, embora eu fosse outrora blasfemo, perseguidor e injuriador. Mas alcancei misericórdia porque, não tendo ainda a fé, procedia por ignorância. E a graça de Nosso Senhor superabundou com a fé e a caridade que está em Cristo” (1Tm 1, 12-14).

Então tudo é perdoado. Porém Jesus nos fala: “É por isso que eu digo a vocês: todo pecado e blasfêmia será perdoado aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Quem disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas quem disser algo contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, nem neste mundo, nem no mundo que há de vir”. (Mt 12,31-32).

Mas o que é afinal o pecado contra o Espírito Santo? No §1864 o Catecismo da Igreja explica: “Aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não terá remissão para sempre. Pelo contrário, é culpado de um pecado eterno” (Mc 3,29). A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna”.

Portanto, o pecado contra o Espírito Santo é o endurecimento do coração. Não que a misericórdia de Deus seja insuficiente para amolecer esse coração empedernido, mas é a pessoa que não se abre para acolher o perdão e a misericórdia de Deus. É o caso do pecador que não se arrepende dos seus pecados, mesmo tendo consciência deles, sabendo que está errado e agindo deliberadamente contra a vontade de Deus.

Peçamos sempre que Deus amoleça o nosso coração para que possamos alcançar a graça da nossa salvação, mas também para nos sensibilizarmos com o nosso próximo. Principalmente nessa época de crise, se não podemos ajudar nosso próximo, não devemos nunca atrapalhar. Várias pessoas têm partilhado comigo que se envolveram na agiotagem. Devo lembrar que essa prática é condenada pela Igreja.

Tanto no Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 2269, nos diz:

O quinto mandamento proíbe que se faça algo com a intenção de provocar indiretamente a morte de uma pessoa. A lei moral proíbe expor alguém a um risco mortal sem razão grave, bem como recusar ajuda a uma pessoa em perigo.

A aceitação pela sociedade humana de condições de miséria que levem à própria morte sem se esforçar por remediar a situação constitui uma injustiça escandalosa e uma falta grave. Todo aquele que em seus negócios se der a práticas usurárias e mercantis que provoquem a fome e a morte de seus irmãos (homens) comete indiretamente um homicídio, que lhe é imputável.

O homicídio involuntário não é moralmente imputável. Mas não está isento de falta grave quem, sem razões proporcionais, agiu de maneira a provocar a morte, ainda que sem a intenção de causá-la.

E o Compêndio da Doutrina Social da Igreja também ressalta no capítulo VIII, sobre a vida econômica:

341 Se na atividade econômica e financeira a busca de um lucro equitativo é aceitável, o recurso à usura é moralmente condenado: “Todo aquele que em seus negócios se der a práticas usurárias e mercantis que provocam a fome e a morte de seus irmãos (homens) comete indiretamente um homicídio, que lhe é imputável”. Tal condenação estende-se também às relações econômicas internacionais, especialmente pelo que respeita a situação dos países menos avançados, aos quais não podem ser aplicados “sistemas financeiros abusivos e mesmo usurários”. O Magistério mais recente tem reservado palavras fortes e claras para uma prática ainda hoje dramaticamente estendida: “não praticar a usura, chaga que ainda nos nossos dias é uma realidade vil, capaz de aniquilar a vida de muitas pessoas”.

Que nossos corações estejam sempre dilatados para o próximo e saibamos partilhar o que temos com os mais necessitados.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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