Todos os anos, mais de cem mil crianças de 0 a 14 anos são internadas em estado grave e mais de três mil vão a óbito por conta de acidentes domésticos, de acordo com dados da ONG Criança Segura. Entre as principais causas, as quedas lideraram o ranking com 47% dos casos; em seguida aparecerem as queimaduras (19%) e as intoxicações (3%).
Com as férias escolares neste início de ano, as crianças passam mais tempo em casa, e os riscos tendem a aumentar. Por isso, o Hospital Pequeno Príncipe alerta para que pais e responsáveis redobrem a atenção, já que 90% dos acidentes registrados nesta época do ano podem ser evitados com medidas simples de prevenção.
O pediatra Eduardo Gubert, do Pequeno Príncipe, afirma que é extremamente importante que pais e responsáveis façam um levantamento dos lugares mais propensos a acidentes domésticos e adaptem os locais. “Precisamos relembrar que a criança não pode entrar na cozinha ou na área de serviço sozinha, por exemplo. É preciso colocar telas nas janelas e não deixar sofás ou camas próximos dessa área de escape”, detalha o médico.
Confira dicas para evitar acidentes domésticos, especialmente nas férias!
Sala
– Mantenha fios de eletrônicos em protetores.
– Prefira móveis com quinas arredondadas ou use protetores.
– Evite cortinas com puxadores, elas podem trazer risco de estrangulamento.
– Coloque portões nas portas e nas escadas e grades ou redes de proteção em janelas, sacadas e mezaninos.
– Não deixe sofás, poltronas ou cadeiras perto de janelas.
– Retire tapetes do ambiente, porque oferecem risco de quedas. Deixe o piso livre de objetos.
Cozinha
– Certifique-se de que os cabos das panelas estejam virados para dentro.
– Use as bocas de trás do fogão.
– Mantenha fósforos, isqueiros, objetos cortantes e de vidro, cerâmica e sacos plásticos fora do alcance das crianças.
– Evite usar toalhas compridas na mesa de jantar.
“Muitos pais se preocupam com tomadas, mas não fecham a entrada da cozinha, por exemplo. Em termos de números, as queimaduras por água fervente são bem maiores do que queimaduras elétricas. É algo muito sério, muitas crianças perdem a vida vítimas de queimaduras. Se for uma queimadura de segundo grau, o ideal é os pais procurarem um atendimento médico para fazer o curativo adequado e avaliar os sinais vitais”, reforça Gubert.
Banheiro
– Mantenha a tampa da privada sempre fechada.
– Tranque o armário de medicamentos, vitaminas e demais produtos que ofereçam riscos de intoxicação.
– Guarde fora do alcance os utensílios afiados, tesouras e secadores.
– Não deixe a criança na banheira ou no banho sem supervisão.
– Antes do banho, teste a temperatura da água.
“Os casos de afogamentos não são exclusivos de períodos mais quentes do ano. Nesse tipo de ocorrência, o importante é fazer com que a criança respire novamente. Enquanto uma pessoa liga para o Corpo de Bombeiros, outra realiza a técnica de respiração boca a boca. O atendimento médico precisa ser imediato”, explica o pediatra.
Quarto
– Evite posicionar camas e móveis perto de janelas e cortinas.
– Coloque telas ou redes nas janelas.
– Escolha brinquedos com pontas arredondadas e com selo do Inmetro e considere a idade adequada.
Lavanderia ou área de serviço
– Esvazie baldes e bacias e os guarde virados para baixo, longe do alcance de crianças.
– Mantenha os produtos de limpeza em recipientes originais e com formato desconhecido de crianças. Guarde-os em lugares altos e trancados.
– No caso de plantas, verifique se não são venenosas e/ou apresentam perigo para as crianças.
“Em casos de intoxicação, nunca force o vômito. Por exemplo, a criança ingeriu alguma substância cáustica. Ela já fez uma lesão na ida, se você forçar, outra ferida pode ser formada na volta e até ir para o pulmão. Antídotos caseiros e leite também não são adequados. O correto é ligar para o Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Paraná [CIATox], pelo número 08000 410 148, ou procurar o serviço médico mais próximo”, argumenta Gubert.
Saiba quais são os acidentes domésticos mais comuns com crianças
– Intoxicações: remédios, produtos de limpeza, plantas e inseticidas.
– Quedas: altura, ambientes lisos e molhados – como box do banheiro –, cama, sofá e berço.
– Queimaduras: escaldo ou derramamento de líquido fervente, álcool, panelas e outros objetos quentes.
– Sufocação e engasgamento: alimentos, líquidos, brinquedos, cordões, tiras, botões e moedas.
– Afogamentos: baldes, bacias, tanques e banheiras.
Sobre o Pequeno Príncipe
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais, e realiza 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Conta com 378 leitos, 68 de UTI, e em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro.