Dificuldade no diagnóstico e falta de centros de referência como o do Pequeno Príncipe contribuem para esse cenário brasileiro
Crédito: Marieli Prestes
A dificuldade para fazer diagnóstico precoce e para chegar aos centros especializados de tratamento é a principal causa que leva à alta mortalidade por câncer infantil no Brasil. Enquanto a taxa nos Estados Unidos é de 22 mortes por milhão, no Brasil o índice fica em 43,4 por milhão, ou seja, praticamente o dobro. Os dados refletem a realidade até 2019 e constam em um levantamento sobre o panorama da oncologia pediátrica no Brasil feito pelo Instituto Desiderata.
A doença também é a principal causa de morte entre o público infantojuvenil no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mas com o diagnóstico precoce as chances de cura podem chegar até 84%. Por isso, neste Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil (23/11), o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico e referência nacional no tratamento oncológico de crianças e adolescentes, alerta pais e responsáveis sobre os sintomas do câncer que podem ser confundidos com os de doenças comuns da infância.
“Um exemplo de sintoma que pode ser confundido é a febre, pois ela é bastante comum nas viroses, mas também muito comum em vários tipos de câncer, assim como queixas de dores. As dores nas pernas, por exemplo, acabam sendo comuns em crianças, já que elas são muito ativas, correm, pulam, e que os pais ou mesmo o médico que atende a criança pode relacionar essa dor a uma queda ou algum trauma”, destaca a oncologista Ana Paula Kuczynski Pedro Bom, do Hospital Pequeno Príncipe.
Além da febre persistente e queixas de dores, é preciso ficar atento a distúrbios visuais e reflexos nos olhos; palidez inexplicada; fraqueza constante; aumento progressivo dos gânglios linfáticos; manchas roxas e caroços pelo corpo, não relacionados a traumas; dores de cabeça, acompanhadas de vômitos; perda de peso, com aumento/inchaço na barriga; e suores constantes e prolongados.
Foi uma pequena mancha roxa ao lado do olho direito da filha que ligou o sinal de alerta em Luciane Pryjmak Ponath. Semelhante à marca de uma batida, a mãe estranhou o machucado na bebê de 6 meses, Helena Pryjmak Ponath. A preocupação cresceu quando, no dia seguinte, a pálpebra do olho esquerdo começou a apresentar um tom mais amarelado. “Marcamos uma consulta, realizamos exame de sangue, raio-X e tomografia do crânio. Deu tudo normal, mas eu insisti para fazerem um ultrassom de abdômen. Por causa da cor amarela, achei que poderia ser alguma coisa relacionada ao fígado”, conta.
Descobriram um tumor na suprarrenal esquerda e, sem conseguir atendimento especializado próximo à cidade onde moram, Copurá (SC), buscaram atendimento no Pequeno Príncipe, que fica a cerca de 150 quilômetros. No Hospital em Curitiba, novos exames mostraram metástase nos ossos. O tratamento, de pouco mais de um ano, incluiu a cirurgia para retirada do tumor e sessões de quimioterapia, que terminaram no último mês de setembro. Agora, mãe e filha esperam os resultados dos últimos exames para saber se podem voltar para casa e só retornar para as consultas de controle.
Referência
“Infelizmente, no Brasil, ainda existem poucos centros especializados no tratamento do câncer infantil. O Hospital Pequeno Príncipe é um desses centros e oferece tratamento completo, desde o diagnóstico até o transplante de medula óssea, nos casos em que há indicação. Também oferecemos uma estrutura completa de exames, incluindo os genéticos, que auxiliam imensamente na decisão de qual tratamento oferecer para cada criança”, explica a médica-chefe do Serviço de Hematologia e Oncologia, Flora Mitie Watanabe.
Referência há mais de meio século no tratamento oncológico para crianças e adolescentes, o Serviço de Hematologia e Oncologia do Pequeno Príncipe é o mais importante centro para tratamento de câncer pediátrico do Paraná e um dos principais do Brasil. Os estudos do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), aliados às modernas e complexas análises genéticas do Centro de Diagnóstico Avançado Pequeno Príncipe, têm contribuído para a precisão diagnóstica e adoção de um tratamento ainda mais assertivo.
Altamente especializado no tratamento de câncer infantojuvenil, como tumores sólidos, e de doenças hematológicas malignas e não malignas, o serviço também é referência para internamento de pacientes com hemofilia e anemia falciforme. Oferece consultas, suporte laboratorial, exames de imagem e tratamentos cirúrgicos e quimioterápicos.
Outro diferencial está na sua estrutura de suporte. Como o Hospital dispõe de atendimento em 35 especialidades médicas, a equipe de oncopediatras conta com especialistas das mais diferentes áreas para compor o grupo de atenção aos pacientes. Somam-se às equipes médicas os profissionais de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêuticos, psicólogos e assistentes sociais.
Sobre o Pequeno Príncipe
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do Brasil, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o país. Disponibiliza desde consultas até tratamentos complexos, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Atende em 35 especialidades, com equipes multiprofissionais, e realiza 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Conta com 378 leitos, 68 de UTI, e em 2021, mesmo com as restrições impostas pela pandemia de coronavírus, foram realizados cerca de 200 mil atendimentos e 14,7 mil cirurgias que beneficiaram pacientes do Brasil inteiro.