O Uruguai segue como uma referência no combate à pandemia do novo coronavírus, com números invejáveis: pouco mais de 5,1 mil casos e 74 mortes, mesmo com um recente aumento nas contaminações, que quase dobraram desde meados de outubro.

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em confinamento, com a divulgação de informações, um sistema de saúde forte, um intenso trabalho de rastreio de contatos e contando com a colaboração da população, o país conseguiu ter o menor registro da doença na América do Sul.

Proporcionalmente, os números uruguaios — 1,4 mil casos por milhão de habitantes e 21 mortes por milhão — são os melhores do continente com folga. A Argentina, com 30,7 mil casos por milhão e o Peru, com 1085 mortes por milhão, têm os piores resultados. O Brasil tem 29 mil casos e 800 mortes por milhão, além dos maiores números absolutos.

R7 conversou com brasileiros que vivem no país vizinho para saber suas experiências e saber como estão lidando com a ameaça do coronavírus longe de suas famílias.

Sozinha em casa

Para a gaúcha Leandra França, 46, que há 3 anos mora em Montevidéu, tem sido um período complicado. Ela está há 8 meses sem trabalhar, vivendo com um subsídio dado pelo governo para trabalhadores que tiveram suas atividades suspensas, semelhante ao seguro-desemprego brasileiro, e disse que é uma experiência bastante “desafiadora”.

“Estar somente em casa e também sozinha, longe da família (todos estão no Brasil) não é nada fácil. Pensando positivamente, é um ano de descobertas pessoais, reflexões e o desejo de fazer e viver diferente, a partir disso tudo que ocorreu no mundo”, afirma ela.

A ação do governo e a contribuição dada pela população foram dois fatores que, para ela, explicam a relativa segurança vivida pelos uruguaios durante esse período, além de as regras de seguro para trabalhadores em confinamento terem sido estabelecidas desde o início.

“Acho que o governo agiu muito rápido, desde o primeiro momento decretou o fechamento de alguns estabelecimentos, aeroportos, fronteiras, além da própria população que aderiu à quarentena voluntária e, com isso diminuiu drasticamente o número de pessoas em circulação na cidade”, relembra.

Leandra afirma que se sente segura no Uruguai e com a decisão de esperar longe da família, mas que agora começa a se preocupar um pouco. “Os casos estão aumentando e temos a sensação de relaxamento por parte de alguns grupos, especialmente dos jovens, que vão a festas, churrascos e bares”, conta.

Tranquilidade na zona rural

O autoisolamento tem sido mais forte nas cidades, onde a densidade populacional é maior, mas no campo a vida tem sido mais normal para o curitibano Rafael Kalinovski, que mora com a esposa em uma propriedade na zona rural de San Carlos, a cerca de 130 km de Montevidéu.

“Como o turismo interno está aberto, convertemos parte da propriedade em uma fazenda para visitação, para passar o dia, e estamos conseguindo viver dessa forma, além do trabalho remoto”, conta Rafael, que também tem uma empresa em Curitiba.

Para ele, o combate à pandemia no Uruguai vai bem por uma questão cultural. “O povo uruguaio leva muito a sério isso de fazer a sua parte. Eles, por conta própria, se isolaram, sem o governo obrigar a nada. Você vai nos lugares e os próprios donos pedem que usemos máscara”, relata.

Preocupação do governo

Em uma coletiva nesta sexta-feira, o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, disse que a principal preocupação do governo é com a chegada do verão, para evitar uma disparada de casos que possa colocar a boa situação do país em risco.

“É por isso que mantemos o fechamento das fronteiras, emitimos recomendações, e muitos pontos em que vamos trabalhar. Isso sim é uma preocupação. É preciso continuar pedindo que as pessoas mantenham essa convivência solidária, que é o que permite que no Uruguai a vida seja muito parecida à normal (anterior à pandemia)”, disse o presidente.

O sistema de saúde uruguaio, com uma estruturua que privilegia o atendimento domiciliar e, assim, mantém os hospitais mais vazios, além de uma grande estrutura de rastreio, também ajudam a explicar como o país tem sido dos menos atingidos pela pandemia.

(Fonte: Site R7)

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