Diane Ichimaru, em cena no solo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida (Foto - Itamar Mattos)

A cidade foi escolhida para abrir a turnê pelo interior do estado em comemoração dos 20 anos da criação do solo autoral de Diane Ichimaru, da Confraria da Dança

 

O espetáculo Carta para não mandar ou Cantiga interrompida, da Confraria da Dança, de Campinas, completa 20 anos de criação e para marcar a data, os artistas iniciam turnê pelo interior do estado de São Paulo. A temporada começa em Assis, no dia 12 de junho, quarta-feira, às 19h30, no Teatro Municipal, com entrada gratuita. Vale destacar que todas as apresentações da turnê contarão com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.

A montagem autoral parte das lembranças da bailarina Diane Ichimaru, nos anos de convivência com sua avó, que foi tomada em seus derradeiros anos de vida pela demência e a doença de ParkinsonA sensação de descontrole e fragilidade do próprio corpo e pensamento foram alguns dos disparadores desta criação.

“Essa obra aborda a incompletude, pois de fato e temos uma falta de domínio sobre o começo, meio e fim de nossos planos e ações, nossa vida poderá ser interrompida em qualquer instante “, reflete a artista.

Após 20 anos da estreia deste solo, sua temática permanece em sintonia com o momento atual. Apresenta uma linguagem poética impregnada da teia mestiça de costumes que delineiam a cultura do Brasil, recende a poeira de sótãos e porões, delicados perfumes de jardins de avós. Habita o terreno fértil da memória e do esquecimento, do diálogo interno decorrente do isolamento, do pensamento desordenado, transitório, fragmentário e lacunar.

O Projeto “Confraria da Dança, Repertório em Circulação” é viabilizado pelo EDITAL LPG SP Nº 20/2023 – DIFUSÃO CULTURAL. O projeto dinamiza as ações artísticas que a Confraria da Dança desenvolve ininterruptamente desde 1996, possibilitando a circulação de três espetáculos de seu repertório em 18 apresentações por 12 cidades do interior e litoral paulista, contemplando uma diversidade de público, do infantojuvenil ao adulto; além disso, oferece 100% das ações  do projeto são gratuitas e contam com recursos de acessibilidade para os públicos surdo e com deficiência auditiva.

 

Concepção de Carta para não mandar ou Cantiga interrompida

A criação surgiu de um velho vestido herdado da avó da criadora-intérprete. O cheiro de guardado e o balanço da roda do godê despertaram memórias da avó, crocheteira de mão cheia, fazedora de pães, quitutes e compotas, que nos últimos anos foi tomada pela demência e Parkinson.

Essas lembranças do declínio físico e mental da avó inspiraram Diane quase duas décadas após sua morte, iniciando seu processo criativo. O tremor descontrolado das mãos, a fragilidade física e a confusão mental daquela mulher transformaram-se em dança e poesia personificadas na artista.

 

Corpo em transformação

Completando 59 anos, Diane continua protagonizando suas obras com dedicação plena. Ela busca expressividade através do movimento, modulando vigor e sutileza, e explorando a história acumulada em seu corpo. Envelhecendo, amplia as possibilidades para o futuro de sua dança.

O tempo a impulsiona a reinventar-se, sem perder a expressividade. Diane não se rende e busca novos espaços para sua arte, destacando a relevância da dança no corpo amadurecido em cena.

 

Concepção de cenário, figurino, iluminação e música

A concepção de todos os elementos de “Carta…” é pautada pela simplicidade. Figurinos e cenografia, ambos assinados por Diane Ichimaru, foram desenvolvidos entrelaçando-os à direção e criação coreográfica, conferindo um caráter autoral à obra. O vestido, costurado pela criadora-intérprete, ecoa o antigo crepe poá de sua avó, mas feito de malha rendada, pintado à mão em tons furtacor.

A iluminação concebida por Marcelo Rodrigues constrói espaços íntimos em recortes difusos passando da cor palha para o lavanda e o âmbar por de sol. Os movimentos de luz delicados fazem com que as transições se façam de forma quase imperceptível aos olhos da plateia.

O compositor, arranjador e pianista Rafael dos Santos compôs a trilha musical   especialmente para o solo, que incluiu a sonoridade nostálgica da seresta, a ironia do descompasso no dançante maxixe e o tom sereno e melancólico inspirado pelas composições de Erik Satie. Suas músicas estimulam a ação física da criadora-intérprete através de um jogo de oposições, provocações e cumplicidades com a narrativa poética do trabalho.

 

Sobre a artista Diane Ichimaru

Vencedora do Prêmio APCA 2009 como criadora-intérprete em dança e fundadora da Confraria da Dança, Diane iniciou sua carreira em 1983 e se graduou em dança pelo Instituto de Artes/UNICAMP. Com formação em dança clássica, moderna, contemporânea e danças brasileiras, também possui experiência em artes plásticas, comunicação visual, ilustração, cenografia e figurino. Diane desenvolve projetos autorais pela Confraria da Dança desde 1996, criando também cenografia, figurino e Ilustrações.

 

Confraria da Dança

Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues fundaram a Confraria da Dança em 1996, em Campinas/SP. Seus projetos direcionados à pesquisa de linguagem, criação e manutenção de espetáculos autorais acumulam premiações da FUNARTE/Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Cultura Inglesa, APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, entre outros. A dupla promove parcerias com artistas das áreas da dança, teatro, música e artes plásticas, atividades diversificadas de formação e fruição artística que atingem público infantil, adulto e terceira idade, estudantes de arte em processo de formação e artistas profissionais em busca de aperfeiçoamento.

 

Ficha técnica

Dramaturgia de corpo e palavra, direção, interpretação e figurino | Diane Ichimaru

Composição e execução da trilha musical | Rafael dos Santos

Desenho de luz e coordenação de produção | Marcelo Rodrigues

Assistência de montagem e de produção | Camilla Puertas

Assistência de produção local | Gabee Laranja, Gu Kenji, Jézz Mota Fernandes, Maíra Miller Ferrari

Registro fotográfico do projeto | João Maria

Fotos / registro 2004 e 2005 | Ricardo de Oliveira

Fotos / registro 2009, 2010, 2012 | fbarella

Fotos / registro 2011 | Itamar Matos

Fotos / registro 2022 | Albert Moreira

Projeto gráfico | Lucas Ichimaru

Consultoria em acessibilidade | João Pedro Acciari

Interpretação em LIBRAS | Verena Teixeira

Comunicação/imprensa | Boas Histórias Comunicação

Produção | Confraria da Dança

 

Serviço

Onde: Teatro Municipal de Assis (Rua Floriano Peixoto, 757 – Centro. Assis)

Quando: 12 de junho de 2024, quarta-feira, 19h30

Entrada Gratuita – liberada meia hora antes, respeitando o limite da capacidade da plateia. Para agendamento de grupos de alunos da Rede Pública de Ensino (Ensino Médio e EJA) e Entidades Assistenciais, entrar em contato pelo direct do instagram @confraria.da.danca

Capacidade da plateia: 440 lugares

 

 

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