Filhos e filhas
Nós, da Obra Evangelizar é Preciso, rumo aos 20 anos, estamos vivendo o ano de São Pio de Pietrelcina, nosso intercessor. Ele esforçou-se para aliviar os sofrimentos e misérias de muitas pessoas, principalmente com a fundação da Casa Alívio do Sofrimento.
Inspirado em nosso intercessor, para vivermos melhor este tempo da Quaresma, proponho refletir sobre as Obras de Misericórdia, para assim colocá-las em prática.
As obras de misericórdia são quatorze. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais, que explanarei na próxima semana e sete espirituais, que são: instruir; aconselhar, consolar, confortar, perdoar, suportar com paciência e rogar pelos vivos e pelos mortos.
– Instruir (ensinar os que não sabem)
Instruir não é simplesmente transmitir conhecimentos, é também corrigir os que erram, doutrinar, ensinar os valores do Evangelho, formar na doutrina e nos bons costumes éticos e morais. Evangelizar é também instruir para a verdade, a luz que vem de Jesus Cristo. À comunidade de Colossenses, Paulo diz: “A palavra de Cristo permaneça em vós com toda sua riqueza, de sorte que com toda sabedoria possais instruir e exortar-vos mutuamente” (Col 3, 16a). Lembremos que toda instrução que brota da caridade, oração e paciência gera frutos em abundância.
– Aconselhar (dar bons conselhos aos que necessitam)
É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Jesus nos orientou e aconselhou a não sermos cegos guinando cegos (cf. Mt 15, 14), e também a primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois tirar o cisco do olho do irmão (Lc 6, 39). Apesar da força deste conselho e alerta de Jesus, não podemos nos eximir de dar bons conselhos àqueles que necessitam. Reforço, dar bons conselhos e não qualquer conselho. Para que isto aconteça é preciso mergulhar na graça do Espírito Santo, para perceber os sinais de Deus que nos auxiliam na compreensão dos fatos e discernimento da vida.
– Consolar (Aliviar o sofrimento dos aflitos)
Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos, principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). A atitude de consolar, apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.
– Confortar (Fortalecer os angustiados e abatidos)
Deus conforta os humildes (2Cor 7, 6). Também assim devemos agir, aperfeiçoando nossas virtudes. O próprio Jesus, no Getsêmani passou por momentos de angústias (Mt 26, 37ss), e foi confortado por um anjo do céu (Lc 22, 43).
Atualmente o desanimo, a angústia tem minado a vida de muitas pessoas, abatendo-as e levando-as até a um estado de depressão. É nosso dever cristão confortar os que necessitam. E, confortar não significa apenas dar o que é material, ou simplesmente tentar fazê-los esquecer do motivo de seu desânimo, mas estar ao lado deles em seu desânimo, tornando esses momentos mais amenos, revigorando-os na fé. Coloquemo-nos à disposição do Espírito Santo de Deus, para que Ele nos inspire e nos use para confortar aqueles que precisam.
– Perdoar (as injustiças de boa vontade)
O perdão é uma exigência do Evangelho e uma condição para entrar no Reino. Jesus nos dá essa lição ao ensinar a oração do Pai-Nosso: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6, 14-15). Se nós não perdoamos, impedimos que o perdão de Deus chegue a nós.
Pedir perdão a Deus é fácil, mas conceder o perdão aos outros na maioria das vezes é difícil, e agimos como o servo mau que foi perdoado no muito que devia, e não soube perdoar seu próximo no pouco que lhe era devido (Mt 18, 23-35). Negar o perdão nos leva um ato de injustiça com Deus, conosco e com os irmãos.
– Suportar com paciência (as adversidades e fraquezas do próximo)
Esta obra espiritual nos exorta a suportar com paciência os que estão próximos a nós, com todas as suas limitações, fraquezas, defeitos, adversidades e misérias. Isto não quer dizer que devemos nos omitir de orientar, encorajar, oferecer oportunidades e servir de suporte, para que, essas limitações e fraquezas sejam superadas.
São Pedro nos diz: “Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus” (1Pd 2, 20). Sejamos acolhedores e pacientes com todos.
– Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
Na oração sacerdotal Jesus rogou a Deus pelos seus e por todos que em todos os tempos viriam a ser seus discípulos, isto é por todos nós (Jo 17). Através desta obra de misericórdia espiritual, somos exortados a rezar pela humanidade, rezar por aqueles que nem conhecemos; rezar pela reparação e expiação dos pecados do mundo; pela conversão dos pecadores; pelo Papa e ministros ordenados que conduzem a Igreja de Deus; pelas vocações sacerdotais e leigas; pelas autoridades; pelos que sofrem e pelos que se recomendam às orações.
Rezar pelas almas é o melhor meio de salvar a nossa, pois como nos ensinou Santo Ambrósio, “Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado”.
Que as obras de misericórdia nos ajudem a sermos mais perfeitos e assim construirmos um mundo novo e bem melhor.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti