Filhos e filhas
No calendário litúrgico já estamos no tempo comum, ou seja, liturgicamente o tempo das festas acabaram e vamos meditar todos os ensinamentos de Jesus através dos Evangelhos diários. A festa que marca essa transição é justamente o Batismo do Senhor, que este ano, atipicamente, foi celebrado na última segunda-feira, dia 08.
Antes de continuarmos, quero fazer um esclarecimento: Jesus não precisava ser batizado, Ele não se tornou o Messias nesta hora, já nasceu o Messias, o Filho de Deus! Ele se submeteu ao Batismo, não por necessidade, mas para inaugurar esse Sacramento. E celebrar o Batismo de Jesus nos faz recordar o nosso próprio batismo, que, geralmente, recebemos ainda crianças.
Isso sempre me é perguntado, sobre o Batismo de crianças. Essa é uma questão muito recorrente entre os temas mais questionados, sei que já foi amplamente respondido, mas aproveito a data para explicar por esta mensagem também.
Por que batizar crianças? Viver na graça de Deus é bom, não é? Então por que negar isso às crianças? O Batismo é uma graça para a vida humana e ninguém deve ser privado. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “O Batismo não somente purifica de todos os pecados, como faz também daquele que vai receber o sacramento uma nova criatura, um filho adotivo de Deus, que se tornou participante da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito Santo” (CIC 1265).
E a própria Sagrada Escritura, inclusive, cita o Batismo de crianças: “Disse-lhes Pedro: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos que estão longe – a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar’.” (Atos 2,38-39). E cito também outros textos: At 16,14-15; At 16,33; At 18,8 e 1Cor 1,16.
A tradição da Igreja também ensina o Batismo de crianças, transcrevo aqui um testemunho de Orígenes, no ano 248. “A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foram dados os segredos dos divinos sacramentos, sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito” (Orígenes, ano 248 – Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9).
É muito importante conhecermos a nossa Igreja, para não termos uma fé “cega”, pois como disse São João Paulo II, “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva em contemplação da verdade”
É dever do pai e da mãe educar os filhos na fé, e o primeiro passo para isso é o Batismo. Não se deve negar o Batismo para ninguém, as comunidades estão de portas abertas para proporcionar o melhor para os fiéis. Então, se tem alguma dúvida ou situação que possa causar certa insegurança sobre o Batismo, marque um horário e procure o sacerdote da sua paróquia ou um líder comunitário.
Não podemos privar as nossas crianças de serem filhos de Deus, o próprio Jesus nos ensina: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas” (Lc 18,16).
Deus abençoe.
Padre Reginaldo Manzotti