Filhos e filhas
Estamos na oitava do Natal, ou seja, ainda estamos vivendo a alegria do nascimento do nosso Redentor. Deus vem ao encontro do seu povo, como profetizou Isaías: “Nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama Conselheiro Maravilhoso, Deus Forte, Pai para sempre, Príncipe da Paz. Grande será o seu domínio, e a paz não terá fim” (Is 9,5-6a).
Nessa semana da virada, rezamos e pedimos ao Deus Menino que a paz não tenha fim em nosso lar e nosso coração. Porém, a paz não é apenas ausência de guerras, claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, violência de todo tipo, a vida humana não está valendo mais nada.
Porém, esta última mensagem do ano, quero dedicar à paz interior. Na ânsia pela paz, muitos, na virada do ano, se vestirão de branco e farão simpatias; procurando a paz onde jamais a encontrarão, porque a paz que o mundo nos oferece é ilusória, é passageira. A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’.
Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.
Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado. Mas, Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado.
E, porque Jesus veio a nós, a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).
O medo é um dos inimigos da paz, porque nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando.
A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz, Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo, por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.
A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas à luz da verdade, se esconde. Por isso, quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado, não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.
Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas o mal também irradia. Então, nessa semana da virada, escolhamos irradiar a luz, o bem.
É o que desejo a todos para 2024, que possamos irradiar a luz de Jesus para todos que andam nas trevas.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti