Filhos e filhas

Para a mensagem desta semana, preparei uma reflexão sobre um dos questionamentos que mais recebo: por que algumas preces são atendidas e outras não, é falta de fé?

Começo explicando sobre a fé, na Carta aos Hebreus, encontramos: “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11,1). Belíssima a definição para a fé, que é uma das virtudes teologais chamada infusa. Isso quer dizer que juntamente com a esperança e a caridade recebemos como dom gratuito pelo nosso Batismo.

A fé é como uma semente, precisamos fazer com que ela cresça e produza frutos. Então, podemos afirmar que é dom de Deus, ou seja, ela não nasce separadamente da vontade humana, porque ninguém acredita se não quiser, mas também ninguém acredita sem que Deus o permita.

A fé cresce e se revigora, mas precisa ser estimulada e exercitada. E podemos fazê-lo de várias formas, como o exercício da caridade, a vivência dos Sacramentos e na leitura da Palavra de Deus, no conhecimento da história da nossa salvação, os planos de Deus para suas criaturas.

Pelo conhecimento da Palavra de Deus, aprendemos que a fé é a medida da graça. O Evangelho de São Marcos diz que em Nazaré, Jesus não pôde fazer muitos milagres, porque Ele ficou impressionado com a falta de fé do povo (cf. Mc 6, 1-6). Entre os exemplos de fé podemos citar ainda a mulher que padecia por doze anos, com o fluxo de sangue e pensava consigo: “Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto estarei curada” e, admirado com sua fé e confiança, Jesus lhe diz: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz, e sê curada do teu mal” (Mc 5, 25-34).

Às vezes, nossos pedidos não são atendidos pela matéria da nossa prece, ou seja, porque não sabemos pedir. Mas São Paulo nos garante: “Do mesmo modo, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus”. (Rm 8, 26-27).

Deus somente nos atende quando aquilo que pedimos é realmente o que necessitamos. Muitas vezes, nós, em nossa fragilidade e pequena concepção das coisas, pedimos aquilo que seria mais fácil, ou que resolveria nossa situação no momento. Deus vai além, enxerga aquilo que precisamos e sempre nos atende em nossa real necessidade.

Com toda a certeza, Deus somente dá o que é melhor para nós. Cabe a nós distinguir numa prece o que é nossa vontade, o que é capricho, e o que nos é realmente necessário. Deus não deixa nos faltar o essencial, mas não é por isso que devemos deixar de pedir. A oração de súplica é um voltar-se para Deus.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “é pela oração de petição que traduzimos a consciência da nossa relação com Deus: enquanto criaturas, não somos a nossa origem, nem donos das adversidades, nem somos o nosso fim último; mas também, sendo pecadores, sabemos, como cristãos, que nos afastamos do nosso Pai”. (CIC 2629)

Com humildade, peçamos que nossa relação com Deus seja sempre fortalecida pela fé, para nunca nos afastemos Dele. Amém.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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