Filhos e filhas

Na última semana, mais propriamente dia 09, a igreja celebrou Santa Teresa Benedita da Cruz, uma santa católica, com raízes judaicas e filósofa. A história dela é muito bonita, ela aproveitou seu conhecimento em filosofia e fez um estudo mais aprofundado nos escritos de São João da Cruz. Ela entendeu que a vida humana, compreendida à luz da ciência da cruz, se trata principalmente da elevação da alma ao Deus pela Cruz.

E trago esse assunto hoje nessa mensagem porque tenho percebido, através das partilhas de vida, seja no rádio, TV, ou mesmo pessoalmente que muitos não sabem lidar com o sofrimento, por isso quero hoje refletir sobre esse assunto.

O Senhor permite, em sua sabedoria e pedagogia da Cruz, a provação e a tribulação para nos tocar, talvez pela atrição, para o grande anseio de Deus, que cheguemos à contrição. Ele tem um propósito para todos nós e não permitiria algo ruim em nossas vidas somente para nos prejudicar.

Deus só permite aquilo que pode se transformar em algo bom. Ele não brinca conosco, Ele cuida de nós como algo muito valioso. Nós somos muitos preciosos para Ele. Tudo que falamos de Deus é pouco no que se refere ao que verdadeiramente Ele é. Se nós conseguimos imaginar que Deus é capaz de nos ferir para nos curar é porque ele nos reserva algo de bom, como nos diz Oséias: “Ele nos feriu e há de tratar-nos, Ele nos machucou e há de curar-nos” (Os 6, 1).

Às vezes, Deus pode nos ferir para nos purificar, não por crueldade ou não nos amar, mas porque nos criou à sua imagem e semelhança, porque nós somos preciosos para Ele. Ele sabe o quanto vivemos presos em vícios, em coisas fúteis e situações que dão alegrias muito passageiras, mas Ele quer o melhor de nós.

Deus permite passarmos por uma noite escura da fé, como nos ensina São João da Cruz, para crescermos espiritualmente. O próprio Jesus, na Sexta-feira Santa, se sentiu abandonado pelo Pai a ponto de dizer: “Eloi Eloi lama sabactani?” , que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (cf. Mt 27,46), mas Ele não desistiu. Ferido, Jesus provou um silêncio profundo de Deus, mas não recuou. Ferida também estava Nossa Senhora aos pés da cruz de Jesus, não deve ter sido fácil contemplar o Filho, inocente, morrendo daquela forma. Mas ela foi capaz de sepultá-lo e ainda se encontrar e rezar com aqueles que O abandonaram. Ela o fez na esperança da madrugada da Ressurreição.

Muitas vezes somos insensíveis aos apelos de Deus, formamos um escudo em nós mesmos, e a flecha divina tem dificuldade de penetrar, porque quanto mais sedimentados aos apegos das paixões, ao mundanismo, à satisfação pela satisfação, menos sensibilidade temos para Deus. E por isso sofremos.

Deus não tenta ninguém, mas Ele permite que sejamos tentados. Ele é forte e poderoso, mas o Inimigo existe e quer semear em nosso coração a dúvida e a confusão. Nossa alma tem fome de Deus e precisa ser alimentada em Deus, principalmente através do Sacramento da Eucaristia, o alimento eterno. Ao receber Jesus, na verdade, é Ele que nos envolve com seu amor.

Quem dera se nós deixássemos nos encontrar com Deus, e aviso que a cada momento Ele tenta nos encontrar. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus, e se em algum momento da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos diante Dele e recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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