Filhos e filhas
No próximo domingo celebramos a Festa da madrinha da Obra Evangelizar, Nossa Senhora do Carmo. Comentar sobre essa devoção mariana em particular, é como descrever a relação com minha mãe biológica. Sempre terei a sensação de ter deixado para trás algum aspecto importante devido a tantos momentos de conforto, consolação e graças que dela tenho recebido.
Nesta devoção, lanço-me sem medo e a ela recorro diariamente nas três Ave-marias diárias e no uso ininterrupto do Santo Escapulário. No dia de minha ordenação, a Nossa Senhora do Carmo, consagrei minha vida sacerdotal.
Posteriormente, quando mais necessitei, numa gravíssima doença de minha irmã, a Nossa Senhora do Carmo clamei em prantos e a ela atribuo a graça da cura recebida de Deus. Em meu sacerdócio, inúmeras vezes, ao ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermo, fiz a imposição do escapulário e sou testemunha de verdadeiras graças.
Por tudo isso, quando Deus suscitou no meu coração a Obra Evangelizar é Preciso, não poderia ser diferente, Nossa Senhora do Carmo é nossa madrinha, sempre com seu manto estendido para receber todas as necessidades da Obra, com os associados, os pedidos e súplicas para levá-los a Deus.
A história de Nossa Senhora do Carmo é antiga e remonta aos tempos dos cruzados. Por volta de 1155, muitos deles, fatigados pelas batalhas empreendidas para conquistar a Terra Santa, fixaram-se no chamado Monte Carmelo, montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo. Desejosos de uma vida autenticamente cristã, ali se estabeleceram e fundaram uma capela dedicada à Virgem Maria, razão pela qual ficaram conhecidos como Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Posteriormente, em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação oficial da Igreja à Ordem fundada pelos monges carmelitas. Em 1235, os mouros voltaram à Terra Santa e promoveram brutal perseguição contra os cristãos. Para sobreviver, os monges separaram- se em dois grupos, cabendo a um deles a missão de defender o mosteiro, mas acabaram mortos e sua morada foi incendiada. O outro grupo dispersou-se em três regiões distintas: Sicília, na Itália; Creta, na Grécia; e Aylesford, na Inglaterra. Nesta última localidade, em 1238, chegaram a fundar um mosteiro, porém não foram aceitos pelas autoridades eclesiásticas locais e enfrentaram a ameaça de extinção.
Em 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, durante oração feita a Nossa Senhora pelo superior da Ordem, São Simão Stock, pedindo um sinal de sua proteção que fosse visível aos inimigos, o Escapulário da Virgem do Carmo foi entregue por Nossa Senhora com a seguinte promessa: “Recebe, meu filho muito amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.
Após essa aparição, a perseguição deixou de ocorrer e a Ordem tornou-se conhecida em toda a Europa, atraindo muitos adeptos. O Escapulário, por sua vez, foi incorporado aos objetos de uso corrente dos cristãos, como sinal da manifestação do Amor da Virgem Maria e símbolo de vida cristã dedicada a Deus.
Jesus, em seus últimos momentos de vida, nos dá aquilo que é mais precioso e nos deixa como testamento de amor: “Eis aí tua mãe”. Ser devoto de Maria é tomar posse do presente de Jesus. Nos “agarrarmos” a ela, nos mantêm fiéis a Seu Filho Jesus, de modo particular sob o título de Nossa Senhora do Carmo que traz o Santo Escapulário.
Acredito fielmente que em Nossa Senhora do Carmo aplica-se o que São Bernardo de Claraval testemunhou sobre Maria: “Quem recorreu à vossa proteção não foi por vós desamparado, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti