Enquanto isso, os relatórios de oferta e demanda do USDA pouco trouxeram de novidades em relação ao anunciado no final do ano passado. O relatório deste dia 08/02 indicou uma safra final nos EUA, em 2022/23, de 348,8 milhões de toneladas, contra 354,8 milhões indicados em dezembro. Uma redução de seis milhões de toneladas que pouco efeito trouxe sobre as cotações em Chicago. Já os estoques finais nos EUA estão agora projetados em 32 milhões de toneladas, ficando praticamente iguais a dezembro. O preço médio do milho, a ser pago ao produtor estadunidense, no atual ano comercial, ficou em US$ 6,70/bushel neste momento. Por outro lado, a produção mundial do cereal está agora estimada em 1,151 bilhão de toneladas, enquanto os estoques finais ficam em 295,3 milhões de toneladas. A produção brasileira está mantida em 125 milhões de toneladas de milho para o corrente ano comercial, enquanto a da Argentina cai para 47 milhões, após 55 milhões indicados em dezembro.
Já no mercado interno brasileiro, com a forte estiagem no Rio Grande do Sul, onde mais um vez há perdas médias superiores a 50% em muitas regiões, os preços ensaiaram uma recuperação, porém, a mesma não se sustentou. Assim, o preço médio gaúcho fechou a presente semana de fevereiro em R$ 83,31/saco, contra R$ 84,42 em meados de dezembro passado. No Centro-Oeste, mais precisamente em Campo Novo do Parecis (MT) o preço médio se manteve ao redor de R$ 65,00/saco neste período.
Um comportamento bastante semelhante é encontrado nas demais praças nacionais, salvo poucas exceções localizadas.
Dito isso, nesta semana de fevereiro o mercado trabalhou com a informação de que o plantio da safrinha 2023 está bastante atrasado, atingindo 12% da área esperada, contra 24% realizado em igual período do ano passado. Já a colheita do milho de verão, no Centro-Sul brasileiro, atingia a 10% da área, contra 18% no ano passado, nesta época.
Por sua vez, na Argentina o clima vem provocando quebras severas na atual safra, enquanto os produtores dos EUA, que voltam a plantar o cereal entre abril e maio próximos, estariam planejando aumentar a área com milho em detrimento da soja. A partir de maio, o relatório de oferta e demanda do USDA começará a indicar o quadro do novo plantio naquele país.
Enfim, estudos realizados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal indicam que a incidência da cigarrinha-do-milho, no Brasil, aumentou em 177% nos últimos dois anos, o que requer aumento de custos de produção junto aos produtores rurais, visando o seu combate. Sem falar nas perdas físicas de produção.
De forma geral, o quadro econômico do milho está, mais uma vez, muito difícil no Rio Grande do Sul, devido a estiagem, porém, o mesmo não chega a ser excelente nas demais regiões do país, pois os preços recuaram neste ano, na comparação com o ano anterior, enquanto os custos de produção se mantiveram relativamente elevados.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).