Agricultores titulados em Goiás querem ampliar produção e investir em propriedade
Mais de 11,3 mil famílias assentadas receberam documento de titulação no estado
“Depois desse tempo todo, muitos desistiram, mas nós não. A gente sempre foi da roça e viveu trabalhando na lavoura. Desde que chegamos aqui, começamos a plantar. Primeiro compramos umas vacas, mas não dava renda, porque a terra era fraquinha. Então, a gente corrigiu a terra e começou a plantar. Agora, ficou uma beleza”, diz o agricultor, mostrando orgulhoso o resultado alcançado com o trabalho de correção do solo, realizado por ele.
Edilamar e Wagner receberam o título definitivo da terra após 26 anos de espera – Foto: Adriana Rodrigues/Mapa
No terreno, de 34 hectares, a família produz milho e soja, vendidos para empresas da região e de outros estados. “O milho, a gente vende para o pessoal lá de Santa Catarina e do Paraná. Eles vêm comprar direto na roça. Nós não pagamos nem o frete. Eles já chegam com o caminhão e nós só colocamos para dentro e pronto. Já a soja vai para uma empresa grande de Rio Verde”, diz Mendes.
Na propriedade, são colhidas cerca de 1.500 sacas de soja e outras 2.500 sacas de milho por safra. O produtor conta que, junto com os filhos, realizou o plantio do milho safrinha em fevereiro e a colheita está prevista para agosto. Depois que a terra descansar, por cerca de dois meses, na mesma área, a família faz o plantio da safra de soja.
Hoje, com o título da terra, os planos são de investir na propriedade, que ficará para os filhos e netos. “Agora, é um documento definitivo, que prova que é nosso. A gente vai conseguir fazer um financiamento com juros mais baixos, para melhorar as coisas, e ter mais segurança para os filhos, com a garantia de que eles vão ter um lugar para trabalhar”, conta o produtor.
A família também tem criação de suínos e aves. Uma parte da pequena produção é para consumo próprio e a outra é vendida na vizinhança, o que garante uma renda extra. “Isso aqui é a melhor coisa que existe no mundo para quem quer trabalhar como nós. A gente tinha muita vontade de ter uma terra, mas nunca tivemos condição de comprar. Com a chegada do título, estamos realizando um sonho”, afirma Wagner Mendes.
Novos investimentos
Em outra propriedade, a 8 quilômetros de distância, vivem Maria de Lourdes Mota, de 53 anos, e Waldecir Mota, de 59 anos, outra família que não esconde a felicidade de finalmente ter recebido o título da terra, após 12 anos de espera. Com 48 hectares, o sítio do casal também fica no Projeto de Assentamento Pontal do Buritis. “Essa terra significa tudo para nós, pois o nosso futuro está aqui”, diz a produtora, emocionada.
O sustento da família vem do plantio do milho safrinha e da soja, em 17 hectares. A colheita dos dois produtos rende cerca de 1.500 sacas por safra, que são vendidas para uma cooperativa local e viram ração animal.
O casal conta que está fazendo alguns planos de investimento na propriedade rural. “Vamos poder andar com as nossas próprias pernas. O nosso sonho era que esse título chegasse para fazermos um bom financiamento e aumentar o nosso meio de vida, ampliar a lavoura, comprar gado, melhorar o curral e a alimentação do gado”, explica Maria de Lourdes.
O casal Maria de Lourdes e Waldecir planeja montar uma minifábrica de queijo – Foto: Guilherme Martimon/Mapa
A produtora revela, ainda, que vai investir em uma atividade iniciada recentemente, mas que já está dando um bom retorno. “Comecei a produzir queijo muçarela há dois meses e já estou recebendo encomenda de fora. Por isso, queremos montar uma minifábrica de queijo. E, com o título, vamos poder buscar crédito no banco para comprar as máquinas de produção e a seladora a vácuo, para embalar, além de contratar gente para me ajudar e ampliar a produção”.
O casal tem uma criação de gado leiteiro, com produção, em média, 80 litros de leite por dia. A maior parte vai para fabricação de queijo, por enquanto, vendido apenas dentro do próprio assentamento.
Foto: Adriana Rodrigues/Mapa
Quem também está comemorando a chegada do título da terra é Lucimar Vieira, de 42 anos, e o esposo Gilson dos Santos, de 44 anos. No sítio de 31 hectares, o casal cultiva limão, tamarindo, maracujá melão e outras frutas que viram polpas. Além disso, eles criam aves e suínos.
Gilson Santos conta que, além da segurança, ter o documento da terra traz facilidades. “O título é liberdade. Não ter o documento, dificulta o acesso ao crédito e tudo o que você vai fazer precisa do aval dos outros. Com o título, vai dar uma melhorada boa”.
Lucimar e Gilson querem ampliar a plantação de milho e soja – Foto: Guilherme Martimon/Mapa
O casal, que esperava pelo título há 12 anos, também mora no Projeto de Assentamento Pontal do Buriti e cultiva milho e soja. Por safra, são produzidas na propriedade aproximadamente 3.000 sacas de milho e 1.700 de soja. “Essa terra é tudo para nós, pois é aqui que a gente vive e planta. Com o título em mãos, podemos dizer agora que somos os verdadeiros donos da terra e ninguém tira isso da gente”, ressalta o produtor.