Filhos e filhas,
Começo agradecendo todas as felicitações e principalmente orações pelos meus 27 anos de vida sacerdotal, que celebrei na última sexta-feira, dia 14. Sou muito feliz como padre e peço, com muita humildade, que rezem por mim.
Nos próximos dias, a liturgia nos reserva a memória de alguns santos mártires da Igreja: São Fabiano, São Sebastião (20/01) e Santa Inês (21/01). Aproveito para lembrar o que é o martírio de acordo com o Catecismo da Igreja Católica (n.2473):
“O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. ‘Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será concedido chegar até Deus’ – Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos, 4, 1: SC 10bis, p. 110 (Funk, 1, 256) ”. (CIC 2473)
Os mártires só alcançam essa graça, pois possuem uma profunda intimidade com Deus. É essa intimidade que nós também devemos buscar, para sempre testemunharmos Jesus Cristo no mundo. E para alcançar essa intimidade, a oração é fundamental no processo.
A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona. Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus.
Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, mas sim porque não deixamos, nós não O escutamos. Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção que buscamos manter a sobrevivência do corpo buscássemos manter a sobrevivência da alma, não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.
A oração é um combate e nós devemos lutar contra tudo aquilo que nos faz desanimar. Como a sensação de fracasso, ressentimento, decepção, de não termos sido atendidos. Chamo a atenção para o que diz, um dos Padres do Deserto: “Não te aflijas quando não receberes imediatamente de Deus, o objeto de teu pedido: é que Ele quer fazer-te ainda maior bem, por tua perseverança em permanecer com Ele na oração” (Evágrio Pôntico).
Termino citando mais um grande Santo de nossa Igreja, Santo Afonso de Ligório: “É preciso que nos convençamos de que da oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti