Filhos e filhas,

No próximo sábado, acontece a já tradicional Missa Por um Natal Solidário, nosso primeiro evento com público. Todos os anos, o tema é “Natal com Jesus é Natal”, justamente para ressaltarmos o verdadeiro sentido do Natal, ou seja, voltarmos a ser gente.

O grande mistério de Deus, que assume a forma de uma criança, é nos dizer que Ele não errou quando nos criou. Por mais que o ser humano seja capaz de grandes crueldades como matar, destruir, extorquir o próprio irmão e se transformar num monstro, Deus se tornou um de nós para dizer: “Eu os criei certos”. E, nós somos chamados a olhar para a nossa humanidade e nos perguntarmos: “O que eu me tornei?”. Somos convidados a fazer uma reflexão: nós estamos mais humanos, mais movidos pela compaixão, voltados para o sofrimento, para a tolerância ou ao contrário? Estamos nos tornando cada vez mais desumanos, distantes e indiferentes?

O Natal está muito ligado ao final do ano, dentro dessa magia: o final e o recomeço. Muitos não entendem que Deus se faz mostrar, no que chamamos de magia de Natal. O ser humano fica mais frágil, com mais saudade. Lembramos mais daqueles que já morreram, ficamos mais fracos, ficamos sensitivos, e isso acontece porque Deus toma uma iniciativa. Ele faz uma curvatura no céu e desce a Terra. E pelo fato de Deus realmente descer no Natal, Ele consegue fazer algo que não conseguimos: amolecer nosso coração.

Se há magia, é a magia de Deus, que no tempo do Natal nos faz ficarmos melhores, porque Deus nos torna mais humanos. Por isso, o tempo de Natal é o tempo de revermos o que realmente é importante para nós. Um bom exercício é nos perguntarmos com quem podemos contar se algo nos acontecer. Enumeremos cinco pessoas, e depois nos perguntemos se estamos tratando bem essas pessoas que vão cuidar, zelar e nos acompanhar até o fim. Temos expressado amor, ternura, compaixão ou são os que mais sofrem?

Natal é termos coragem de olhar para nossa história e não querermos continuar da mesma forma. A impressão que tenho, pelas partilhas que recebo é que todos nós temos o nosso lixo. Se deixarmos o lixo dentro de casa, ele cheira mal, apodrece. E, a impressão que se tem, é que tomamos banho, colocamos perfumes, roupas limpas, mas sempre estamos com o nosso lixo de frustrações, mágoas, ressentimentos, traumas. E, ao invés de fazermos o que se faz com lixo, mandar embora, nós desfilamos pelas ruas, passamos uma vida agarrados com aquele saco de lixo, fermentando, azedando, estragando.

Será que não é hora de fecharmos esse ciclo e dizer: “Jesus, eu deixo este fardo. Isso é um lixo em minha vida, eu não quero carregar?”. Se não podemos mudar o nosso ontem, podemos construir nosso amanhã.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

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