Pesquisa da UFSCar estudou a temática com voluntários de todo o país com avaliações e intervenções gratuitas
O trabalho é realizado pela graduanda em Gerontologia da UFSCar Maria Júlia da Cruz Souza, sob orientação de Karina Gramani Say, docente do DGero e coordenadora do Ladorfe, e tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa vai avaliar a influência da Educação em Neurociências da Dor, associada ao método pilates, no entendimento, na intensidade e no enfrentamento da DLCI em pacientes idosos, com uso ou não de abordagens educativas.
Dor lombar
A DLC ocorre na região lombar inferior e pode irradiar para as pernas, com duração maior do que três meses. É considerada inespecífica quando a causa da dor não está relacionada à alteração estrutural, lesão óssea ou articular, escoliose ou lordose acentuada. De acordo com Karina Say, ter dor lombar na velhice faz com que muitos idosos tenham dificuldade de realizar as Atividades Básicas de Vida Diária relativas a seu autocuidado, como vestir-se, tomar banho, e as Atividades Instrumentais de Vida Diária, como fazer compras e ir ao supermercado. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) aponta que esse tipo de dor pode aumentar o declínio da capacidade funcional, diminuindo o desempenho na realização das atividades e aumentando a dependência dos idoso. “Além de afetar os domínios físicos da saúde, tem impacto também nos domínios psicológicos e sociais, sendo fator de risco para ansiedade, depressão e isolamento social”, complementa a docente da UFSCar.
Educação em Dor e Pilates
A Educação em Neurociência da Dor consiste, em linhas gerais, em ensinar o paciente a compreender o processo fisiológico da dor e encará-la como um mecanismo de sobrevivência cujo propósito é proteger o corpo. Além disso, implica mostrar que a dor também está no cérebro e não é apenas uma sensação física. “Já temos evidência na literatura que o repouso não beneficia quem tem dor crônica e que o melhor tratamento para a dor lombar é o exercício físico, é se manter ativo e, entre eles, o pilates tem ótimos resultados no controle da dor e na recuperação da função da coluna, pois atua no movimento corporal, flexibilidade, força muscular e postura”, considera Say.
No entanto, a docente aponta que apenas focar na parte física não será suficiente para controlar a dor, por isso o tratamento baseia-se em identificar os fatores específicos do paciente em relação à sua dor e utilizar as informações coletadas a fim de proporcionar mudanças em seus pensamentos e crenças. “É nesse sentido que a Educação em Neurociência da Dor torna-se uma parte fundamental no tratamento dos indivíduos com dor crônica. Os melhores tratamentos hoje são de END e exercícios para pessoas com dor lombar”, reflete Karina Say.
Voluntários
Foram convidados voluntários, homens ou mulheres, entre 60 e 75 anos de idade, de toda região do país, com dor lombar crônica há pelo menos seis meses. No projeto, os participantes com avaliações iniciais e finais, três sessões de Educação em Neurociências da Dor, 12 sessões de pilates e, também, o uso de uma cartilha e de um aplicativo para orientações. Em virtude da pandemia, todas as atividades foram realizadas de forma online. Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 26350719.0.0000.5504).