Filhos e filhas,
Quando as tribulações e sofrimentos são grandes, a intercessão é fundamental para permanecermos firmes. Tenho recebido muitas partilhas dolorosas de perdas e enfraquecimento da fé. E, nessas horas, a intercessão é um apoio que não nos faz cair no desespero.
Interceder é pedir algo em favor de uma outra pessoa. É colocar-se entre Deus e alguém, rogando pela sua causa e necessidade, como São Tiago nos exorta a fazer: “orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia” (Tg 5,16). Na intercessão, aquele que reza “não procura seus próprios interesses, mas sobretudo dos outros” (Fl 2, 4), e reza mesmo por aqueles que lhe fazem mal (CIC 2635).
A intercessão é uma oração de pedido que nos conforma com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, principalmente dos pecadores. Jesus Cristo, se coloca entre Deus e os homens, como intercessor. No plano da salvação, Cristo se consagra em favor da humanidade. Então, entre Deus e a humanidade, ali bem no meio, está um intercessor que é Jesus.
A Carta aos Hebreus fala de Jesus depois da sua morte, ressurreição e ascensão: “Este, porque vive para sempre, possui um sacerdócio eterno. É por isso que lhe é possível levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor” (Hb 7, 24-25).
Assim como no batismo, somos chamados a nos associarmos ao único intercessor, que é Jesus. A missa, que é uma ação de graças, na verdade também é uma intercessão. Jesus se coloca como “o consagrado”, aquele que se entregou, para que a humanidade tivesse vida.
O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras. Na vida de Moisés, temos o exemplo da eficácia da intercessão. Em várias ocasiões, Moisés eleva à Deus suplicas em favor do povo e obtém de Deus o perdão para o povo, e, a mudança da sentença que Deus já resolverá executar (Nm 14,13-21; Êx 32,11-14).
Os Evangelhos apresentam mais exemplos de suplicas de intercessão dirigidas a Jesus, como por exemplo nas Bodas de Cana (Jo 2, 1-11); Jairo intercedendo pela família (Mc 5, 22-23); o oficial do Rei que suplica pelo filho (Jo 4, 47-53); o Centurião intercedendo pelo seu servo (Mt 8, 5-6); ainda podemos considerar como um ato de intercessão o gesto dos quatro homens que trouxeram o paralítico e desceram seu leito pelo telhado, fazendo-o chegar a Jesus (Mc 2, 3-4).
Sabemos que o único intercessor entre Jesus e Deus é o próprio Jesus Cristo. Mas, até chegar a Jesus os santos são os intercessores. Nossa Senhora é a advogada, o próprio Jesus nos deu como mãe e intercessora.
Rezemos sempre um pelos outros, porque intercessão é carregar o outro, de joelhos dobrados.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti