Em uma carta aberta divulgada no último domingo (21), um grupo com mais de 200
economistas, entre eles ex-ministros e ex-presidentes de financeiras importantes, como a
do Banco Central, pede que o Governo Federal adote medidas mais efetivas no combate
à Covid-19 no Brasil. No manifesto, os especialistas classificam a situação econômica
do país como “desoladora”, e apontam que o problema não é a falta de recursos para o
governo e, sim, a falta de prioridade em ações importantes, como a vacinação da
população. Presidente do Conselho de Economia do Distrito Federal, Cesar Bergo
explica que faltam políticas públicas para apoiar os empresários no Brasil. Segundo ele,
se não forem adotadas medidas para reforçar o setor, a tendência é que a economia no
país fique ainda pior. “Nós entendemos que é necessário um pacto, sim, e nós estamos
vendo o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, levar adiante algumas dessas ideias
de um pacto amplo e nacional para solução desses problemas. O diagnóstico não é bom,
a pandemia vem aumentando e vem prejudicando não só os setores econômicos, mas as
questões sociais também. Nós temos graves problemas hoje, inclusive o atraso do
auxílio emergencial tem causado muita aflição na população. Nós vemos que as
medidas têm que ser adotadas, o governo adota algumas, mas fica reticente em outras”,
ressalta. No documento, especialistas em economia de todo o país dizem que 40% da
força de trabalho do Brasil ganha a vida de maneira informal e sem qualquer proteção
contra o desemprego. Por isso, é preciso uma ação imediata. Além de medidas de apoio
às pequenas e médias empresas, a carta propõe, ainda, uma reforma no sistema de
proteção social, como explica o professor universitário e economista, William
Bahgdassarian. “Do ponto de vista dos empresários, há que se lembrar que uma série de
programas que foram criadas no ano passado continuam valendo. Obviamente há
situações muito particulares para setores específicos. Ano passado o Governo Federal
adotou uma série de programas de fomento aos empresários, e este ano a sensação que
eu tenho é que alguns setores não foram adequadamente beneficiados. Não adianta você
dar um empréstimo para a empresa se ela não tem faturamento. Você passar um
empréstimo para eles significa apenas agravar um problema que eles já têm. Eles vão
usar este empréstimo por alguns meses, mas ao final desses meses vão ter uma dívida e
não vão ter faturamento. É um tipo de apoio que vai precisar ser dado a esses setores,
até porque são setores que representam muito por termos de empregabilidade e até para
efeito econômico também. Talvez essa seja uma direção a ser tomada do ponto de vista
econômico”, enfatiza Bahgdassarian. O manifesto assinado será enviado aos líderes dos
três poderes: o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Luiz Fux, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e o da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira.
Por Luis Ricardo Machado Rede de Notícias Regional /Brasília Crédito da foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo