Em reunião da Frente Parlamentar do Café, vários produtores de Minas Gerais, principalmente do sul do estado, relataram perdas da safra 2020-2021 entre 30% e 40% por causa da seca, altas temperaturas e até chuva de granizo. Eles debateram medidas de curto prazo, mas muitos relataram que é muito clara a mudança climática nos últimos anos, o que indica a necessidade de medidas de médio prazo, como a adoção de sistemas de irrigação.
O deputado Emidinho Madeira (PSB-MG), coordenador da Frente Parlamentar do Café, destacou que o importante é que todos estejam unidos para que essas demandas sejam atendidas o mais rapidamente possível.
Breno Mesquita, presidente da Comissão do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, disse que faltou divulgação dos créditos do Funcafé, Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, pois ele observou que poucos produtores buscaram os R$ 150 milhões disponíveis. Mas pediu mudanças na legislação atual, que impediria o Banco Central de aprovar a transferência das dívidas financeiras deste ano para 2022. E explicou que é importante debater melhor o seguro rural, por causa de fenômenos como o granizo:
“Hoje cada vez mais essa questão de chuva de granizo, de seca, daqui a pouco é geada… está cada vez mais presente na nossa vida. E o seguro é fundamental para justamente diminuir o risco que todos nós corremos, trabalhando num negócio que não tem telhado”.
Para o cafeicultor Carlos Paulino, é preciso verificar o que é possível mudar na legislação para facilitar a adoção de sistemas de irrigação:
“Eu estou notando que o clima está mudando, está virando de perna para o ar essa questão de temperatura, essa questão de seca. Eu faço medição na minha propriedade há 35 anos. Eu nunca tive um janeiro tão seco como este ano. Normalmente seriam 200 milímetros. Choveu 61 milímetros na minha fazenda”.
Henrique Pacheco, presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança, questionou o aumento dos preços dos fertilizantes de dezembro para cá. Ele disse que isso vai impactar a safra de 2022.
José Marcos Mendonça, do Instituto Federal do Sul de Minas, destacou que sempre existe uma safra melhor e uma pior em seguida, mas ele afirmou que as quedas estão mais elevadas com o tempo e as altas, menores. Segundo ele, de 2016 para 2017, a queda foi de 6,4 milhões de sacas. Já de 2020 para 2021, a queda teria sido de 16 milhões.
Maurício Miareli, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas, manifestou preocupação com três propostas de emenda à constituição (PECs 186, 187 e 188), que estão tramitando no Senado. Uma das medidas propostas é o uso dos recursos não usados de fundos para o abatimento da dívida pública. Segundo ele, isso vai comprometer o uso do dinheiro do Funcafé.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Sílvia Mugnatto